terça-feira, 2 de março de 2010

Conheça o homem que quer 'salvar' os impressos

Achei muito interessante a matéria abaixo...no mínimo, desafiadora por parte do escritor Dave Eggers. Na minha concepção, acredito que os jornais impressos não vão acabar. Há toda uma cultura da sociedade ainda em ler jornais todos os dias, e hoje a Internet é mais uma ferramenta, digamos, complementar para a nossa leitura diária de notícias, ou seja, em tempo real, atualizada e mais rápida. Vale utilizarmos os dois suportes como fontes de informação.
Fica a discussão!

Conheça o homem que quer 'salvar' os impressos

O escritor Dave Eggers quer provar que os jornais impressos ainda são legais. Fez uma única (e linda) edição apostando em gráficos coloridos atraentes e textos quase literários. Confira um entrevista que fizemos com ele:

por Haidi Lambauer
Editora Globo


* O que o levou a criar o San Francisco Panorama?
Em primeiro lugar, amo jornais. É como me informo todos os dias. Sou formado em jornalismo e já trabalhei em jornais. Atualmente faço frilas para alguns. Por isso, quero que os jornais sobrevivam. Nos Estados Unidos, há uma atmosfera pessimista acerca do futuro dos jornais. Pensamos em demonstrar os papéis que essa mídia cumpre e lembrar as pessoas das possibilidades inerentes à sua forma. Muito do que fizemos, por mais estranho que pareça, foi ressuscitar coisas que os jornais faziam 30, 50, 100 anos atrás. Como usar o tablóide como uma espécie de mural para escritores, artistas, designers e fotógrafos.
* O Panorama se destaca pela abordagem colorida, conteúdo original e textos quase literários. Pensando nisso, qual o futuro que você enxerga para os jornais que não apostam tanto nas cores nem em grandes artigos?
Uma maneira dos jornais sobreviverem é diferenciar-se dos sites de notícias. Muitos dos artigos desses sites são muito breves. Os leitores da web estão interessados em pequenas pílulas, doses de notícia. Em relação ao jornal, imaginamos que seus leitores têm mais tempo de mergulhar em um relato mais longo. Então, deixamos os escritores livres para usar o espaço que julguem necessário para seus relatos. Alguns têm 14.000, 17.000 e até 20.000 palavras. Obtivemos um bom feedback de leitores que gostaram desses artigos tão compridos. À medida que a internet controlar as notícias breves, os jornais poderiam dominar a parte mais reflexiva de nossas consciências.

* O que os jornais precisam fazer para sobreviverem? Qual deles terá sucesso?
Nos Estados Unidos existem centenas de jornais saudáveis, e milhares ao redor do mundo. As razões para essa “saúde” variam muito. Na China e Índia, os jornais estão bombando, espelhando suas economias, geralmente. Já nos Estados Unidos, os jornais têm que se adaptar. Há infinitas possibilidades na forma de se fazer um jornal que não estão sendo exploradas. Muitos jornais assumiram uma forma defensiva, considerando seu colapso iminente. Mas tudo indica que estamos no momento certo para celebrar a forma e fazer com que os jornais renasçam. Eles fizerem tudo que são capazes de fazer extremamente bem – longas historias, bons artigos investigativos, fotografias, gráficos grandes e detalhados e uma seleção criteriosa dos fatos noticiosos - os leitores acharão um valor nessa forma. Jornais conseguem coexistir com a internet, mas devemos oferecer aos leitores uma alternativa. Temos que fazer com que os eles valham o que custam, e ensinar aos leitores jovens que pagar por um jornal assegura um futuro saudável ao Quarto Poder [a imprensa].

Fonte: Revista Galileu, Notícias, março 2010. 
www.revistagalileu.globo.com

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