segunda-feira, 28 de junho de 2010

Restos de supernova explicam nebulosa em forma de favo de mel

Uma nova análise fornece uma explicação para o formato da Nebulosa Favo de Mel, assim chamada pelo improvável arranjo de gases interestelares na forma de favos de mel.
Desde sua descoberta em 1992, a curiosa forma da nebulosa, próxima à Grande Nuvem de Magalhães, tem sido um mistério.
Como a nebulosa está situada em uma área assolada por explosões de supernovas, uma teoria é a de que o padrão poderia ter sido causado por um conjunto de ondas criadas quando restos de uma supernova antiga foram atingidos por restos de uma supernova mais recente. 

Nasa
Favo de mel (centro) da nebulosa de mesmo nome pode ser explicado pela colisão de supernovas.


Essa teoria foi agora reforçada pelo trabalho de John Meaburn e sua equipe, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, que analisaram o espectro de luz da Nebulosa Favo de Mel e descobriram que ele se assemelha ao espectro produzido por gás movendo-se a alta velocidade em restos de outra supernova conhecida.
Contudo, há outra possibilidade: o favo de mel poderia vir de um jato de alta velocidade oriundo de um buraco negro atingindo o gás que o cerca. Mas a equipe diz que o espectro de luz da nebulosa é diferente daquele observado em um jato de buraco negro em um sistema binário chamado SS 433, favorecendo a hipótese anterior (da onda de restos de supernova).
Os resultados serão publicados na revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society". 

Fonte: Folha.com, Caderno Ciência, 28/06/2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sonda da Nasa vai fazer "mergulho fundo" em lua de Saturno

Cassini vai chegar a uma distância recorde da superfície do satélite natural


A sonda Cassini, da Nasa (agência espacial dos EUA), que viaja pelos arredores de Saturno, vai fazer nesta segunda-feira (21) seu maior "mergulho" na atmosfera de Titã, uma das luas do planeta. O equipamento vai chegar a cerca de 880 km da superfície da lua, o que é 70 km mais baixo do que o "recorde anterior".
De acordo com a Nasa, a atmosfera de Titã aplica uma força sobre os objetos que a atravessa, gerando um efeito parecido com o do ar sobre a mão de quem coloca o braço para fora da janela do carro. Por isso, a sonda foi colocada em um ângulo que permita que ela chegue a essa altitude sem se danificar. Como a antena da Cassini vai estar apontada para a Terra, os técnicos da agência vão poder acompanhar o procedimento em tempo real.
No começo do ano, a Nasa resolveu  estender a missão da sonda. O equipamento, que foi lançado em 1997 e chegou ao planeta em 2004, iria parar de operar em setembro deste ano, mas ganhou sobrevida até 2017 (Foto: Divulgação).

Fonte: Portal R7, Seção Tecnologia e Ciência, 18/06/2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Astrônomos medem objeto gelado nos confins do sistema solar

KATIA MOSKOVITCH
BBC NEWS

Um grupo de astrônomos de vários países disse ter observado, pela primeira vez, um objeto gelado em órbita além de Netuno, nos confins do Sistema Solar.
O objeto é conhecido como KBO 55636 (sigla para "Kuiper Belt Object", Objeto do Cinturão de Kuiper) porque habita a região chamada Cinturão de Kuiper, onde estão agrupados milhares de objetos remanescentes do período em que se formou o sistema solar.
Os astrônomos sabiam da existência do KBO 55636 há vários anos, mas só puderam vê-lo porque ele passou na frente de uma estrela brilhante e refletiu sua luz.



Ilustração de corpo celeste encontrado depois de Netuno, no Cinturão de Kuiper.

Liderados pelos Estados Unidos, cientistas de 18 observatórios espaciais em vários pontos do planeta participaram da busca. Eles descrevem suas observações na revista científica Nature.

MOMENTO OPORTUNO
Quando um corpo celeste esconde uma estrela ao passar em frente a ela no espaço, ocorre o que os astrônomos chamam de "ocultação estelar".
A equipe usou uma ocasião como essa para estudar o KBO 55636. Eles disseram à revista Nature que a ocultação durou apenas dez segundos, mas foi suficiente para que eles determinassem o tamanho e a capacidade de reflexão do objeto.
O Cinturão de Kuiper ocupa uma região que fica além da órbita do planeta mais distante do Sistema Solar, Netuno.
Ele é semelhante a um cinturão de asteroides, mas em vez de ser composto principalmente de rochas e metais, a maioria dos objetos que agrupa é feita de materiais voláteis - metano, amônia e água.

COLISÃO ESPACIAL
Até agora, especialistas conseguiram detectar mais de mil KBOs, mas eles acreditam que haja cerca de 70 mil deles.
O autor principal do estudo, James Elliot, professor de astronomia planetária do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Massachusetts, nos Estados Unidos, disse à BBC que o KBO 55636 foi formado, provavelmente, como resultado de uma colisão espacial ocorrida há um bilhão de anos.
Ele disse que um planeta anão conhecido como Haumea pode ter sido atingido por outro objeto e o impacto teria levado a crosta gelada que cobria o Haumea a se partir em uma dúzia de pedaços menores, entre eles, o KBO 55636.
O Cinturão de Kuiper abriga pelo menos três planetas anões. Um deles é Plutão, o maior KBO de que se tem conhecimento.
Elliot explicou que para poder ver o KBO 55636 no exato momento em que passava em frente a uma estrela, ele teve de reunir uma equipe de 42 astrônomos de 18 observatórios na Austrália, África do Sul, México e Estados Unidos.
"Vínhamos calculando com precisão a posição do KBO há vários anos", ele disse.
"Com uma órbita precisa, projetamos onde ele ia estar no céu e procuramos por estrelas que ele poderia ocultar".
O cientista explicou que foi difícil prever exatamente onde o KBO iria passar.
Para maior segurança, a equipe pediu o auxílio de vários observatórios espaciais situados em uma faixa de 5.900 km da superfície da Terra. Esse trecho correspondia ao percurso que, os especialistas previam, seria percorrido pela sombra do corpo celeste.
"Foi uma forma de maximizar nossas chances de acertar", ele explicou.
De 18 telescópios apontados para o céu, apenas dois observatórios, ambos no Havaí, conseguiram detectar a ocultação estelar de dez segundos.

ALTA REFLEXÃO
Usando a medida exata do tempo durante o qual a estrela ficou oculta e a velocidade da sobra do KBO se movendo pelo Havaí, os astrônomos puderam determinar o tamanho do objeto --cerca de 300 km de diametro-- e a sua capacidade de refletir a luz.
Eles imaginavam que a superfície do KBO 55636 seria opaca, com pouca capacidade de reflexão por causa do acúmulo de poeira e bombardeios de raios cósmicos, mas foram surpreendidos.
"Descobrimos que esse objeto é muito menor do que achávamos e que tem bastante capacidade de reflexão - ele reflete a maior parte da luz que atinge sua superfície".
Elliot explicou que a superfície do objeto é provavelmente feita de gelo - como a superfície de Plutão. Mas não soube explicar por que o índice de reflexão do KBO 55636 é tão alto.
"Talvez porque superfícies compostas de gelo sejam mais robustas e não se escureçam com o impacto de raios cósmicos e outras coisas que escurecem outras superfícies".

Fonte: Folha.com, Caderno Ciência, 17/06/2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Astrônomos encontram mais jovem planeta fora do sistema solar

Astrônomos encontraram, por meio de observação direta, o mais jovem planeta fora do sistema solar (exoplaneta).
A equipe usou o Very Large Telescope, do Observatório Europeu do Sul, localizado no Chile, para acompanhar o movimento do exoplaneta Beta Pictoris b, um gigante com nove vezes a massa de Júpiter.
O sol do planeta, uma estrela branca chamada Beta Pictoris, é também a mais nova estrela conhecida a abrigar um planeta.
A estrela tem apenas 12 milhões de anos, contra os 4,5 bilhões de anos do Sol do sistema solar terrestre. Está a 60 anos-luz da Terra, na constelação de Pictor (Pintor).

L. Calçada/ESO


Impressão artística do planeta Beta Pictoris b em órbita ao redor de seu sol, Beta Pictoris.

O achado mostra que planetas gigantes podem se formar próximo a estrelas em períodos muito mais curtos do que se pensava.
Até hoje, cerca de 450 exoplanetas foram encontrados. Mas Beta Pictoris b é um dos poucos a ter sido detectado por observação direta (sem o uso de medições indiretas, baseadas em variações no brilho refletido pelo planeta).
O resultado mostra a diversidade de sistemas planetários existentes, e novos estudos devem fornecer pistas importantes sobre a formação de planetas gigantes como Júpiter.
O estudo foi publicado na revista "Science". 

Fonte: Folha.com, Caderno Ciência, 11/06/2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Revistas na aula de química

A matéria abaixo é muito interessante, pois fiz uma monografia a partir de teóricos da Análise do Discurso, uma metodologia muito válida para se analisar revistas de divulgação científica, que me trouxe muitas conclusões e entendimentos acerca do discurso científico e discurso de divulgação científica. A matéria em questão ilustra isso no que tange a importância das revistas nas escolas.




Estudo analisa papel no ensino de química da divulgação científica feita por meio de textos jornalísticos
Por Fábio Reynol
Ao lado de livros didáticos e de materiais de laboratório, revistas e publicações de divulgação científica podem ser uma ferramenta importante para o aprendizado de química no ensino médio.
A afirmação é de Luciana Nobre de Abreu Ferreira, que apresentou conclusões preliminares de seu trabalho de doutorado, conduzido no Instituto de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), na 33ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, realizada de 28 a 31 de maio em Águas de Lindoia.
Na apresentação oral “Textos de divulgação científica como recursos didáticos”, Luciana contou sua experiência de incentivar graduandos em licenciatura em química a utilizar textos de revistas nas aulas de estágio. Sua pesquisa tem apoio da FAPESP por meio da modalidade Bolsa de Doutorado.
A estudante selecionou exemplares da revista Ciência Hoje, vinculada à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), publicados de 2004 a 2008 e com temas associados à química.
“Como encontramos muitos textos, cerca de 230, resolvemos utilizar somente as reportagens de capa relacionadas à química”, disse Luciana à Agência FAPESP. Com a nova triagem, restaram 29 matérias jornalísticas a serem levadas às salas de aula.
Os textos foram analisados segundo o campo teórico da análise do discurso e algumas características chamaram a atenção da pesquisadora. “Eles continham informações científicas, elementos do cotidiano dos alunos e muitas vezes características didáticas que ajudavam a complementar o livro didático”, indicou.
Segundo Luciana, uma das grandes vantagens dos textos jornalísticos de divulgação científica é a contextualização dos temas que não são vistos isoladamente, mas relacionados a uma questão que faz parte da vida do aluno.
Essas características foram verificadas pela doutoranda em revistas como Galileu, Superinteressante e Pesquisa FAPESP.
Para Luciana, além de ter linguagem acessível aos estudantes, essas publicações especializadas e sessões científicas de jornais colocam a ciência em um patamar mais próximo do aluno, algo que o livro didático muitas vezes não traz.
“Os textos jornalísticos mostram aos alunos que a ciência é feita por pessoas do mesmo nível que eles, diferentemente dos livros, que apresentam muitas vezes a matéria com certa autoridade, sugerindo algo que eles não vão poder alcançar facilmente”, ponderou.
No entanto, o estudo também apontou que o uso dos textos jornalísticos só é eficaz com a participação ativa do professor na escolha e na preparação das matérias antes de levá-las às aulas.
A espetacularização da ciência, dados incompletos e até incorreções conceituais são alguns problemas dos jornais e revistas que o professor deve detectar e debater com os alunos na sala de aula.
“É papel do professor aumentar os benefícios e minimizar esses problemas”, afirmou Luciana. Na próxima etapa da pesquisa, ela pretende auxiliar os futuros professores a lidar com os textos jornalísticos e prepará-los para a sala de aula.
Na última etapa, o grupo de graduandos em química será convidado a escolher alguns dos 29 textos pré-selecionados de Ciência Hoje para utilizar nas aulas que serão filmadas e analisadas.
Luciana estima que levar revistas para a escola facilita o aprendizado. “Os textos de divulgação científica apresentam características multidisciplinares, abrangentes e que contextualizam o assunto. Tudo isso é recomendado pelas diretrizes curriculares”, disse. 

Fonte: Agência FAPESP, 02/06/2010
 

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Análise indica que restos de explosão estelar atingem a Terra

DA NEW SCIENTIST

Partículas de alta energia que costumam atingir a Terra podem ser restos de uma explosão estelar ocorrida a 800 anos-luz de distância.

Nos anos 30, imaginava-se que supernovas (explosões de estrelas) poderiam acelerar raios cósmicos (partículas que vêm do espaço e colidem com a atmosfera a altas velocidades).

As ondas de choque geradas pelas supernovas ou os campos magnéticos gerados pelas estrelas de nêutrons que ficam após a supernova poderiam impulsionar partículas a níveis de energia altíssimos. Mas até agora não havia evidência para essa hipótese. Uma nova análise de dados de raios cósmicos, porém, parece apoiar a ideia.

Os dados foram coletados pelo detector IceCube, localizado na Antártida. O observatório detecta chuvas de múons (partículas subatômicas) que chegam à superfície terrestre quando raios cósmicos atingem a atmosfera.

Após a análise da distribuição de 4,3 bilhões de múons detectados entre junho de 2007 e março de 2008, a equipe do IceCube encontrou um excesso de raios cósmicos originários da constelação de Vela.

Próximo de Vela existem restos de uma supernova, o que sugere que essa supernova pode ter sido a responsável pela emissão desse excesso de raios cósmicos que estão atingindo hoje a Terra.

Fonte: Folha.com, Caderno Ciência, 31/05/2010