quinta-feira, 29 de abril de 2010

Água em asteroide



Cientistas encontram evidência de água congelada e de compostos orgânicos em objeto localizado entre Marte e Júpiter. Descoberta reforça teoria de que asteroides foram responsáveis pela origem da água na Terra (ilust.: divulgação)
Vida em asteroides? Longe disso, mas esses pequenos corpos celestes que gravitam em torno do Sol não são tão áridos como se achava. Evidência de água e de compostos orgânicos acabam de ser detectados na superfície de um deles.
A descoberta foi publicada na edição desta quinta-feira (29/4) da revista Nature em dois artigos, um deles com participação brasileira. As evidências dos blocos básicos da vida foram localizadas no asteroide 24 Themis, que tem cerca de 200 quilômetros de diâmetro e se encontra entre Marte e Júpiter.
Ao medir o espectro de luz infravermelha refletida pelo objeto, os pesquisadores verificaram que era consistente com água congelada. Segundo eles, todo o asteroide está coberto por um filme fino de gelo.
Os cientistas também detectaram material orgânico, o que fortalece a teoria de que asteroides podem ter sido os responsáveis por trazer água e compostos orgânicos à Terra. Os dois grupos de pesquisadores usaram o telescópio de infravermelho da Nasa instalado em Mauna Kea, no Havaí.
“Os compostos orgânicos que detectamos aparentam ser cadeias extensas e complexas de moléculas. Ao caírem sobre a Terra estéril em meteoritos, essas moléculas podem ter servido como um grande pontapé inicial no desenvolvimento da vida no planeta”, disse Josh Emery, da Universidade do Tennessee, autor de um dos artigos.
O outro artigo tem participação de Thais Mothé Diniz, do Observatório de Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista na caracterização de pequenos corpos do Sistema Solar.
Emery destaca que encontrar gelo na superfície do 24 Themis é uma surpresa, por ela não ser fria o suficiente para que o gelo possa permanecer ali por muito tempo. “Isso implica que gelo é abundante no interior desse asteroide e talvez em muitos outros. O gelo em asteroides pode ser a resposta para o enigma de onde veio a água da Terra”, disse.
A proximidade do 24 Themis ao Sol faz com que o gelo evapore. Emery e Andrew Rivkin, da Universidade Johns Hopkins, sugerem que a duração do gelo na superfície do asteroide dure de milhares a milhões de anos, dependendo da posição do objeto.
Segundo eles, o gelo evaporado é contantemente substituído por um processo por meio do qual o gelo contido no interior do asteroide “sobe” aos poucos, à medida que o vapor escapa da superfície.
Os cientistas ressaltam que, como o 24 Themis é parte de uma “família” de asteroides formada a partir de um grande impacto e da consequente fragmentação de um corpo muito maior, há muito tempo, a descoberta implica que o objeto original também tinha gelo, o que tem grandes implicações para o estudo da origem do Sistema Solar.
Os artigos Detection of Ice and Organics on an Asteroidal Surface (vol 464 | DOI:10.1038/nature09028), de Andrew S. Rivkin e Joshua P. Emery, e Water ice and organics on the surface of the asteroid 24 Themis (vol 464 | DOI:10.1038/nature09098), de Humberto Campins e outros, podem ser lidos por assinantes da Nature em www.nature.com. 
Fonte: Agência FAPESP, 29/04/2010.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Deserto do Atacama, no Chile, receberá telescópio europeu gigante

Colina Armazones, onde será erguido complexo, tem 3.060 m de altura.
Instalação do E-ELT, com 42 m de diâmetro, deve ser concluída em 2018.


Vista panorâmica da Colina Amazones, no deserto chileno do Atacama (Foto: ESO)


O deserto do Atacama, no Chile, foi escolhido como o local para a instalação de um telescópio europeu de 42 metros de diâmetro conhecido como European Extremely Large Telescope (E-ELT).
O anúncio foi feito pela Organização Europeia para Pesquisa Astronômica no Hemisfério Sul (ESO) em comunicado divulgado em Garching, no sul da Alemanha.

A colina (ou Cerro) Amazones (Foto: ESO)

A colina Armazones, onde será colocado o telescópio, tem 3.060 metros e fica a 20 quilômetros da colina Paranal, onde funciona o antecessor do E-ELT.
O diretor-geral da ESO, Tim de Zeeuw, qualificou o desenvolvimento do telescópio gigante como um marco no avanço do conhecimento astronômico.
Os cientistas querem, com o E-ELT, abordar muitos dos problemas astronômicos ainda não resolvidos e têm a esperança de que termine por revolucionar a percepção do universo de maneira similar ao que foi feito pelas observações de Galileu há 400 anos.
A instalação do telescópio europeu deve começar no final deste ano e ficar pronta em 2018.

Fonte: Portal G1 26/04/2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010

20 anos do Hubble

O Telescópio Espacial Hubble está completando 20 anos! Pois é, através dele pudemos ter uma visão muito além do espaço, de seus planetas, órbitas, das galáxias, cometas e tantos outros fenômenos.

No site do Hubble (http://hubblesite.org/hubble_20/) tem um especial dos seus 20 anos. As imagens são impressionantes e você pode navegar por todos os anos que o Hubble captou imagens sejam de estrelas, galáxias, planetas, do sistema solar. Dá pra se perder em meio a tantas imagens espetaculares!

Selecionei algumas imagens pra postar aqui:

Hubble descobre partes de um cometa linear (Agosto 2000)

Hubble capta imagens de um grupo de galáxias (Abril 2009)

Hubble capta imagens de Saturno (Fevereiro 2010)

Todas as imagens são do site http://hubblesite.org, disponíveis para download.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Nasa divulga imagens inéditas do Sol


A agência americana Nasa divulgou, nesta quinta-feira, imagens inéditas do Sol. As fotografias foram capturadas pelo Observatório Dinâmico Solar, o SDO, veículo lançado em fevereiro pela agência, e mostram detalhes da superfície solar em uma resolução nunca antes alcançada. Segundo a Nasa, essas imagens dão condições sem precedentes para os cientistas entenderem os processos dinâmicos do Sol. E isso é importante, pois as atividades solares afetam o que acontece na Terra.
As chamadas ejeções de massa (ou gás ionizado), são um exemplo disso. "Elas podem alterar o campo magnético da Terra e danificar satélites, perturbar transmissões de sinais de rádio ou até interferir em linhas de transmissão de energia", diz Paulo Simões, doutor em geofísica espacial e pós-doutorando no Centro de Rádio-Astronomia e Astrofísica Mackenzie (CRAAM), em São Paulo. Em 1989, houve uma reação tão forte a uma ejeção de massa que isso causou um apagão no Canadá, deixando 6 milhões de pessoas sem energia elétrica durante nove horas. Segundo Simões, um dos objetivos finais desse tipo de pesquisa é desenvolver um métodos para prever a ocorrência dessas atividades solares.
Mas os ventos solares também são capazes de produzir belos fenômenos: as auroras, emissões de luzes observadas em certas épocas no ano nas regiões polares.
Impacto
Algumas dessas fotos divulgadas pela Nasa mostram detalhes nunca antes vistos dessas ejeções de massa. A nave também é equipada com um medidor de campo magnético. "Essas imagens mostram uma dinâmica que, em 40 anos de pesquisa solar, eu nunca havia visto", afirmou Richard Fisher, diretor da divisão heliofísica na Nasa. "O SDO vai mudar nosso entendimento sobre o Sol e seus processos, o que afeta nossa vida e sociedade", diz. Essa missão terá um impacto enorme na ciência, similar ao impacto que o telescópio Hubble teve na astrofísica moderna", diz.
Fonte: Yahoo Brasil - 22/04/2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Fome Mortal dos Buracos Negros


A informação abaixo da Agência Fapesp é muito interessante, pois comenta a influência que os buracos negros têm na formação das estrelas do universo e como os buracos negros "supermassivos" (assim chamados na notícia) interferem nesse processo. Para quem gosta de astronomia, vale à pena se informar!


Estudo aponta que buracos negros roubam todos os gases de que galáxias precisam para formar novas estrelas, levando à morte das estrelas existentes e das próprias galáxias (divulgação)

Fome mortal

Agência FAPESP – Na ficção científica, os buracos negros aparecem invariavelmente como formações misteriosas e com grande capacidade de destruir tudo o que passar por perto. A realidade, conforme aponta um novo estudo, liderado por cientistas da Universidade de Nottingham e do Imperial College London, no Reino Unido, parece ir nessa linha.
Segundo a pesquisa, buracos negros supermassivos são capazes de arrancar de galáxias imensas os gases necessários para a formação de novas estrelas, deixando gigantes vermelhas envelhecerem até desaparecer, sem que novas estrelas sejam formadas para substituí-las.
Os astrônomos usaram imagens obtidas do telescópio espacial Hubble e do observatório de raio X Chandra para detectar buracos negros em galáxias distantes.
Os pesquisadores analisaram galáxias que emitiam altos níveis de radiação e de raio X, que se configuram assinatura clássica de buracos negros que devoram gás e poeira por meio do processo conhecido como acreção, ou atração de matéria por meio da força gravitacional.
Nesse processo, à medida que a matéria se movimenta pelo horizonte de eventos de um buraco negro, ela se aquece e irradia energia em um disco de acreção.
Em buracos negros supermassivos essa radiação pode atingir proporções gigantescas, com a emissão de raio X em quantidade muito superior à soma das emissões de todos os outros objetos da galáxia. Ou seja, o buraco negro acaba “brilhando” mais do que toda a galáxia da qual faz parte.
De acordo com os cientistas, a quantidade de energia liberada é tão grande que seria suficiente para “roubar” todo o gás da galáxia por pelo menos 25 vezes.
O estudo aponta que a grande maioria da radiação em raio X presente no Universo é produzida por esses discos de acreção que envolvem os buracos negros.
A energia liberada por esses discos é tão grande que é capaz de aquecer os gases frios contidos no coração de galáxias massivas. Ocorre que os gases precisam ser frios e densos para entrar em colapso sob o efeito da gravidade e formar novas estrelas.
Como o material resultante da “fome” do buraco negro é quente e de baixa densidade, ele precisaria esfriar antes que a gravidade pudesse ter algum efeito. Mas o problema é que esse esfriamento demoraria ainda mais do que a idade atual do Universo, apontam os autores do estudo.
Depois que o buraco negro se alimentou, o resultado são que as estrelas velhas são extintas sem ter substitutas, deixando a galáxia escurecer e morrer também.
O estudo foi apresentado no dia 16 de abril em reunião da Royal Astronomical Society em Glasgow, na Escócia. 

Fonte: Agência FAPESP, 19/04/10
 

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Rotação do Sol explica brilho noturno em nuvens misteriosas


Noctilucentes colorem céu de azul mesmo quando é noite


Há mais de um século pesquisadores tentam explicar a origem das chamadas nuvens noctilucentes, de brilho noturno, que aparecem no céu em cores azuladas, prateadas e avermelhadas mesmo sendo noite. Essas nuvens aparecem, desaparecem e variam de brilho de tempos em tempos, mas ainda não se sabe direito o porquê. Agora, cientistas da Alemanha dizem que o fenômeno está relacionado à rotação do Sol. As informações são da revista New Scientist
Essas nuvens costumam aparecer a mais de 80 km acima do solo, muito acima das de tempestade, no verão de cada hemisfério da Terra. Ao analisar as mudanças na luz refletida por essas nuvens, a equipe de  Charles Robert, da Universidade de Bremen, na Alemanha, descobriu que elas aumentam e diminuem de luminosidade em um ciclo que dura 27 dias. Como o Sol leva esse mesmo tempo para fazer uma rotação em torno de seu eixo, a sugestão é que haja uma lifação entre as duas coisas.
A indicação é que a diferença na quantidade de raios ultravioletas que a Terra recebe do Sol em cada momento é a responsável por essa ligação. James Russell, da Universiade de Hampton, nos Estados Unidos, diz que um maior volume de raios ultravioletas deve quebrar moléculas de água na alta atmosfera, o que reduz a formação de nuvens. Entretanto, segundo ele, a rotação do Sol não explica tudo: para ele, o aumento nos índices de CO2 (dióxido de carbono) na atmosfera também tem parte na formação dessas nuvens. (Foto: Nasa)

Fonte: R7 12/04/2010

sábado, 3 de abril de 2010

Conferência Estadual Paulista de C&T&I


De 12/4/2010 a 13/4/2010


Agência FAPESP – A Conferência Paulista de Ciência, Tecnologia e Inovação (C&T&I) será realizada nos dias 12 e 13 de abril, na sede da FAPESP, com o objetivo de debater o futuro do Sistema Paulista de Ciência, Tecnologia e Inovação, considerando suas componentes acadêmica, empresarial e privada sem fins lucrativos.
Trata-se de reunião preparatória para a 4ª Conferência Nacional deCiência, Tecnologia e Inovação, que ocorrerá em em Brasília de 26 a 28 de maio, no Hotel Brasília Alvorada.
A conferência organiza-se em cinco painéis de discussão nos quais pretende-se debater propostas para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Estado com horizonte temporal de 15 a 20 anos.
Os painéis são:
  • Pesquisa e desenvolvimento no setor privado em São Paulo
  • Áreas e temas focais para Pesquisa e desenvolvimento em São Paulo
  • Pesquisa acadêmica em São Paulo
  • Formação de recursos humanos para ciência, tecnologia e inovação em São Paulo
  • São Paulo e o Sistema Paulista de Ciência, Tecnologia e Inovação
Entre os debatedores e relatores confirmados estão: Carlos Américo Pacheco (Unicamp), Celso Barbosa (Villares Metals), Eduardo Moacyr Krieger (USP), Fernando Landgraf (IPT), Hernan Chaimovich (Fundação Butantan), José Fernando Perez (Recepta Biopharma), Marco Antonio Raupp (SBPC), Marco Antonio Zago (USP), Maria José Soares Mendes Gianinni (Unesp), Pedro Wongtschowsky (Ultra), Ricardo Brentani (FAPESP e A.C. Camargo), Ronaldo Pilli (Unicamp), Sérgio Robles Reis de Queiroz (Unicamp), Vahan Agopyan (USP) e Walter Colli (USP).
O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, apresentará o “Plano para C&T&I em São Paulo – 15 anos”.

O evento é gratuito e isento de taxa de inscrição. As inscrições podem ser feitas pela internet no endereço www.fapesp.br/cti_inscricoes.
A FAPESP está na R. Pio XI, 1500, Alto da Lapa, São Paulo. Mais informações sobre a conferência: www.fapesp.br/conferenciacti e (11) 3838-4006.

Pesquisa do LHC também começa em São Paulo

31/3/2010
Por Fábio Reynol

Agência FAPESP – Às 13h06 desta terça-feira (30/3), horário local, o acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider, ou “grande colisor de hádrons”), localizado na fronteira da Suíça com a França, inaugurou seu programa de pesquisa ao provocar um choque de duas nuvens de prótons com energia total de 7 teraelétron-volts (TeV).

Ao mesmo tempo, 8h06 pelo horário de Brasília, no bairro da Barra Funda na capital paulista, uma equipe de físicos do Centro Regional de Análise de São Paulo (Sprace) do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT-Unesp) pôde acompanhar a colisão em uma sala ligada por uma rede de alta velocidade ao Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), que administra o LHC.

A Unesp aproveitou a ocasião para inaugurar o seu centro de controle do experimento CMS (sigla em inglês para “Solenoide de Múon Compacto”), que conta com 35 unidades semelhantes espalhadas pelo mundo e nas quais é possível acompanhar em tempo real as atividades realizadas no LHC e participar do seu monitoramento.

O CMS Center @ São Paulo, nome oficial do centro, utiliza uma conexão internacional de 10 Gbs, financiada pela FAPESP. “É a rede mais rápida do Brasil”, disse o professor Sérgio Ferraz Novaes, coordenador do Sprace. Os equipamentos do CMS Center @ São Paulo foram adquiridos com apoio da Rede Nacional de Física de Altas Energias (Renafae), do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Além do transporte de dados dos experimentos, a velocidade da rede permite o funcionamento de sistemas de telefonia e videoconferência de alta qualidade, proporcionando uma interação instantânea com o centro de controle do Cern.

Por conta disso, os usuários do centro paulista poderão atuar na calibração dos subdetectores, monitorar a qualidade dos dados gerados e ainda analisar essas informações.

“Podemos acompanhar as informações ao vivo por meio de monitores e, caso detectemos alguma irregularidade, temos condições de chamar um especialista do LHC pelo sistema de videoconferência”, explicou o físico Franciole Marinho, pós-doutorando do Sprace que participa do projeto e conta com Bolsa da FAPESP.

A Fundação também está financiando a atualização dos terminais do campus da Barra Funda da Unesp a fim de aumentar a sua capacidade de processamento. O próprio Sprace foi implantado em 2003 por meio do Projeto Temático “Física Experimental de Anéis de Colisão: Sprace e HEPGrid−Brazil”, coordenado por Novaes.

Na América Latina, há apenas dois centros ligados ao CMS, o da Unesp e o da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Física de partículas

O CMS é um dos quatro experimentos de pesquisa do LHC e cada um deles conta com equipes e equipamentos exclusivos para suas finalidades. Além do CMS, os experimentos Atlas e LHCb também registraram as colisões efetuadas na terça-feira. De modo similar ao CMS, o Atlas é um experimento multipropósito que fornece dados para trabalhos em diversas áreas da física.

Já o LHCb é focado no chamado quark B, partícula que poderá fornecer pistas sobre a relação entre matéria e antimatéria presentes no Universo. O quarto experimento, Alice, é voltado a análises com íons pesados e deve começar a operar em 2011, com o disparo de partículas de ouro ou chumbo.

O Brasil já participa intensamente no processamento dos dados coletados no Cern. Segundo Novaes, é importante para o país aumentar sua participação no desenvolvimento de software e hardware necessários às pesquisas no acelerador. “O LHC é um instrumento único que abrirá várias portas para o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro”, afirmou.

Mas a formação e a pesquisa brasileiras em física de altas energias já estão ganhando com os experimentos. Os dados observados do campus da Barra Funda alimentarão trabalhos de mestrado, doutorado e pós-doutorado de estudantes da Unesp.

Por meio da rede de alta velocidade KyaTera, do Programa Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia) da FAPESP, que cobre o Estado de São Paulo, esses dados poderão ser partilhados com outras unidades de pesquisa.

Respostas a grandes questões

A comunidade científica espera que os experimentos realizados no LHC forneçam respostas para algumas das principais questões atuais da física. “O que se convencionou chamar de ‘física de partículas’ tem um aspecto muito mais amplo do que o nome sugere. Ela se propõe a responder do que é feita a matéria, como ela interage e quais são as forças da natureza”, explicou Novaes.

Entre as expectativas em relação ao LHC estão pistas a respeito da chamada matéria escura que surgiu como explicação para o comportamento de corpos no Universo.

“Apenas a massa da matéria visível não seria suficiente para explicar o comportamento das galáxias. A matéria escura seria o montante faltante nessa equação. Mas, no momento, trata-se apenas de uma hipótese”, disse Sérgio Lietti, pesquisador do CMS Center @ São Paulo.

De modo análogo, a chamada energia escura é uma hipótese elaborada para explicar a expansão do Universo. Ainda sem comprovação empírica, essa é outra teoria que o trabalho no LHC também poderá ajudar a comprovar ou a negar.

A assimetria entre matéria e antimatéria percebida no Universo é outro enigma que os físicos esperam poder elucidar com ajuda das colisões no anel europeu.

“Em laboratório, conseguimos perceber que cada partícula é acompanhada de sua antipartícula, isso nos leva a perguntar por que observamos muito mais matéria do que antimatéria no Universo, ou seja, há uma aparente assimetria entre as duas”, disse Marinho.

A maior das expectativas, no entanto, repousa sobre a comprovação ou não do chamado bóson de Higgs, cuja existência hipotética foi levantada pelo físico britânico Peter Ware Higgs de modo a tentar explicar a origem da massa das partículas elementares. “O LHC foi especialmente desenhado para estudar o bóson de Higgs”, disse Novaes.

No entanto, o professor da Unesp estima que essas grandes perguntas não serão respondidas tão cedo. O LHC está em fase de testes, o que exige inicialmente a execução de experimentos cujos resultados já são conhecidos.

“É uma espécie de calibração. Caso os resultados sejam discrepantes em relação aos que já conhecemos pode ser sinal de algum defeito no equipamento”, disse Novaes.

Mesmo após o acelerador comprovar a sua confiabilidade, os grandes resultados ainda deverão levar algum tempo. Segundo o professor da Unesp, será preciso agrupar um enorme volume de dados para poder comprovar uma teoria.

Isso dependerá do número de colisões que o LHC poderá proporcionar, chamado “índice de luminosidade”. Quanto mais eventos forem registrados, mais dados serão coletados para compor os resultados finais que serão gerados por estatísticas.

Além das questões que intrigam a física contemporânea, o LHC ainda poderá gerar descobertas imprevisíveis. “A história da ciência está repleta de episódios em que o acaso gerou descobertas impensáveis até então. Nada impede que isso possa se repetir aqui”, disse Novaes.

Mais informações sobre o LHC: http://public.web.cern.ch/public
 
Fonte: Agência FAPESP

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Análise de dados do colisor de partículas do Big Bang deve levar anos

Os dados recorde obtidos por intermédio do maior colisor de partículas do mundo (LHC, na sigla em inglês), chegaram à marca desejada pelos cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês), de Genebra, responsável pelo equipamento. Com eles, será possível descobrir a origem do Universo, a partir da formação de estrelas e planetas, de acordo com os cientistas.
Entretanto, os dados obtidos nesta terça-feira (30) devem levar anos para serem analisados por milhares de cientistas do mundo que estiverem interligados a uma rede de computadores conhecida como Grid, a fim de compartilhar conhecimento e descobertas sobre a natureza da matéria e as origens das estrelas e planetas.
"Isto é um passo no desconhecido. Estamos indo para algum lugar onde ninguém esteve antes. Nós esperamos encontrar coisas realmente novas", disse Sergio Bertolucci, diretor de pesquisa do Cern. 

Ele afirma também que "há incógnitas conhecidas lá fora, como a matéria escura e novas dimensões sobre as quais esperamos aprender. Mas é possível que encontremos algumas incógnitas desconhecidas, que podem ser extremamente importantes para a humanidade. Com o LHC, temos a ferramenta que precisamos [para isso]."
As colisões ocorreram em uma nanofração de segundo mais lenta do que a velocidade da luz no túnel do LHC, cujo comprimento é 27 km, que se localiza a 100 m de profundidade no solo. Seu custo total é estimado em US$ 9,4 bilhões.
Hoje, os cientistas conseguiram obter choques de prótons geradores de uma energia recorde de 7 TeV (tera ou trilhões de eletron volts), a energia máxima almejada pelo laboratório.
Os cientistas do Cern esperam que o projeto solucione alguns dos mistérios do Espaço --como, por exemplo, a matéria foi convertida em massa após a explosão do Big Bang, e o que é a matéria escura, que compõe aproximadamente 25% do Universo.
"Durante 2010 e 2011, vamos compilar os dados, e esperamos fazer descobertas reais", disse Oliver Buchmueller, uma das figuras centrais do experimento, à agência Reuters. "Até o final de 2010, achamos que vamos encontrar evidências da matéria escura, e a confirmação de que ela está ali e o que é."
"Alinhar os feixes já é um grande desafio; é como disparar agulhas dos dois lados do Atlântico e esperar que elas colidam de frente no meio do caminho", disse Steve Myers, diretor de aceleradores e tecnologia do Cern.
Os físicos estão se concentrando na identificação do bóson de Higgs --a partícula que recebeu o nome do professor escocês Peter Higgs, que três décadas sugeriu que algo como ela torna possível a conversão da matéria criada no Big Bang em massa.
Tentativas anteriores de encontrar a partícula fracassaram. Segundo os físicos, a presença dela no cosmos permitiu que os escombros gasosos após o Big Bang se transformassem em galáxias, com estrelas e planetas como a Terra. 

Fonte: Folha de SP, Caderno Ciência, 30/03/2010